BIOGRAFIA

Alto, lindo e garanhão

Fernando Antônio, o negão

O rapaz era um terror

Paquerava com a Célia

Tinha um caso com a Normélia

Namorava com a Jô

O SESC era seu pasto

Uma rede de arrasto

Traçava tudo que vinha

Fernando Antônio sacana

Namorava com a Silvana

E saía com a vizinha

Fez acordo magnífico

Com a dona de um frigorífico

Que caiu na sua graça

Alimentou o seu cão

Sem gastar nenhum tostão

Ganhando carne de graça

Sem querer fazer intriga

A Jô pediu sua amiga

Pra vigiar o galã

Mas ele tinha um esquema

Deixava a Jô no Sistema

E saía com a espiã

Foi na Padre Ibiapina

Que a Jô quase uma menina

Foi seus avós conhecer

Uma data inesquecível

Não lembrar é impossível

Um dia pra não esquecer

Quando ela entrou no seu quarto

Quase teve um infarto

Quase não fica de pé

Parede toda pregada

Foto de mulher pelada

Parecia um cabaré

Com a voz paralisada

Não conseguiu dizer nada

Ficou com as pernas tremendo

Passou no seu namorado

Esse homem é um tarado

Vou sair daqui correndo

Muquirana era seu nome

Tremendo unha de fome

Apelido seu Nonô

Vendo a conta se esquivava

O Sovino não gastava

Um centavo com a Jô

O dinheiro recebido

Era todo escondido

No buraco do colchão

Um dia foi resgatar

Seu dinheiro foi tirar

Veja que decepção

Quando viu ficou surpreso

Paralisado e teso

Com essa realidade

Estampa de um homem belo

Com seu fusquinha amarelo

Som nas alturas ligado

Tia Bete tão querida

Bra a sua preferida

Nada a ele foi negado

Jô, anjo que veio guardar

Que Deus enviou pra cuidar

E o Fernando proteger

Um escudo imantado

Nunca saiu do seu lado

A razão do seu viver

Deu rumo ao seu paradeiro

O lobo virou cordeiro

Mudou suas diretrizes

Com as bênçãos de Maria

No seu lar reina alegria

Hoje os dois vivem felizes.

                                                      Manuel Alves