Há quanto tempo não nos vemos! Mas acredite que eu lembro sempre de você. Lembro que a senhora me tinha como um filho mais velho, lembro do carinho incalculável que a senhora tinha pela minha pessoa. Eu não esqueço daquele tempo, e a saudade que sinto da senhora chega a machucar. Eu, meu irmão Marco, e a prima Tereza participamos do matrimônio da senhora com o Ni, e eu fiquei arrasado porque a senhora tinha casado. Era o sentimento puro de criança que pensava que ia perder vosso carinho, mas o tempo passou e eu comecei a gostar bastante do Ni! Eu adorava passear e me divertir no vosso sítio, que era o meu refúgio, e a senhora sabia que eu adorava esportes. Disputei o campeonato brasileiro juvenil na cidade de Niterói em 1974, essa é uma lembrança que me causa saudade, principalmente no tempo em que eu era goleiro da seleção cearense, usando aquele uniforme surrado de cor verde e amarela. Mas minha vida mudou completamente há 35 anos atras, quando fiquei deficiente físico e visual. Mas existe lembranças que não se apagam, como: a mão de vaca com pirão, escaldado com tutano. Eu me lembro sempre de você. Daquele banho de piscina, da água de coco geladinha. Aquela comidinha que a babá Maria fazia, e hoje eu não encontro em lugar nenhum. Minhas roupas cheirosas e bem passadas. Meu endereço é uma grande confusão, por várias vezes eu me mudei, viajei por vários lugares: Rio de Janeiro (me diverti bastante na praia da Tijuca), Bahia, Maranhão. E em todos os lugares Jesus e Nossa Senhora se fizeram presente a nos guiar e proteger. Minha vida mudou, mas as lembranças não, guardarei todas. Tia Bete, pode crer, eu lembro sempre da senhora e eu jamais a esquecerei, nem esquecerei o tempo em que estavas entre nós. Da senhora e do Ni, eu recebi carinho, bondade e atenção e eu jamais esquecerei. Todas essas palavras são verdadeiras que saem do meu coração em reconhecimento por tudo que a senhora fez por mim. Que a luz do perpétuo socorro ilumine sua alma. Descanse em paz.
Fernando Freire.
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